domingo, 4 de outubro de 2015

Vó Vanda,
Que estranho pensar na senhora e não te ter aqui. É estranho por que a senhora é o tipo de pessoa que a gente pensa que vai ter presente pra sempre. É estranho sentir essa saudade, que dói mas ao mesmo tempo me deixa feliz. Feliz por que eu tive o privilégio de te re-conhecer, de estar perto e de cuidar um pouquinho.
Acho que a morte é algo que nunca vamos entender. O máximo que consigo agora é usa-la como um motivo a mais para estar perto, para fazer um esforço e fazer aquela visita muitas vezes adiada.
Tudo que eu quis dizer à senhora, eu acho que disse. Eu aprendi tanto com a senhora, com a sua humildade sem fim, com a sua bondade, com a sua força. Que mulher!
Tem dias que a saudade aperta, não cabe no peito e escorre pelos olhos. Pois hoje é um destes dias... Saudade de te ouvir dizer  "Ôh fia, que Deus te abençoe ricamente"...
São detalhes corriqueiros que vão ficar, guardadinhos sempre que ouvirmos algo semelhante e as lembranças virem a tona.
Peço perdão pela negligência cotidiana, mas me sinto agradecida por ter tido a oportunidade de dizer um último "eu te amo".
E eu continuarei amando... onde a senhora estiver sinta o meu respeito e amor de sempre! 


domingo, 17 de maio de 2015

Carta a mim mesma aos 13-14 anos


        

Querida Isabella, 

Que forma cliché de começar uma carta, mas a expressão já dá início ao conteúdo sentimental que eu quero te transmitir.
Eu sei bem como você se sente, neste lugar, neste contexto em que você vive. Sei o quanto sofre e o quanto se sente perdida e deslocada. Mas agora eu preciso que você se cure. Eu preciso que você tenha a coragem e a braveza (que eu sei que você tem), de olhar para dentro e tentar enxergar que não importa o lugar, ou a circunstância, se você souber bem o que você foi, o que é e o que quer ser, tudo estará bem. 
Eu também sei da impotência e descredibilidade que você vivencia. É difícil dar-te conselhos agora, por que eu sei que é difícil entendê-los sem ter passado por tudo que a Isabella passou nos últimos anos. E você será tão feliz! E se soubesse disso, também saberia que as pessoas que te machucam agora, estarão em breve longe da sua realidade. 
Ah menina, quanta luz você tem ai dentro, não acredite que você não tem potencial bastante, você tem. Você sempre acreditou nas coisas boas e tem tantos sonhos, mas você precisa por as suas coisas em ordem. E não se torture tanto.
Te olhando de longe agora,- depois de tanto tempo me esquivando, não por negligência, mas por achar que você já estava bem resolvida-, vejo que você se expressou da única forma que achou que seria ouvida. Eu, aliás, você depois de 8 anos, sabe que nem de longe isto resolveria, que gritar, se revoltar, sofrer e se maltratar, não fez com que as pessoas te ouvissem, e quem você mais queria que, além de ouvir, entendesse seu grito, não conseguiu fazê-lo, talvez  justamente por causa desta sua forma de se expressar, mascarando a dor com a revolta -ou talvez unindo as duas-.
Mas veja bem, está tudo bem agora. Você entendeu a sua lição, demoradamente e a duras penas, entretanto, hoje você é uma mulher forte. E se você soubesse disto tudo, com estes anos todos de antecedência, se emocionaria, como eu estou emocionada agora. 
Eu te escrevo por que a minha melhor forma de perdoar e deixar ir é escrevendo. Ainda bem que este bom hábito que você me deu, eu mantive.  
Eu não achei que eu estive tão pendente com meu passado, eu não achei que você precisasse ainda tanto de mim, mas ainda bem que eu olhei para trás e te vi, neste cantinho, chorando por que você queria ser útil e importante, por que a pessoa que você mais amava passou por momentos difíceis  e você não foi capaz de entender que talvez tudo que ela fez foi para te poupar da dor que ela também sentia. Mas está tudo bem agora. Tudo não passou de uma má fase. Você pode se aquietar e se permitir ter um pouco de compaixão por si mesma. 
São tantas coisas para te dizer, mas me atenho a te escrever somente sobre o que você não pode compreender e o resto são só experiências que me trouxeram até aqui.
Você fez bem o seu trabalho, eu vejo agora que você deu o seu melhor, mas eu preciso assumir o controle. Não sinta medo, você está protegida. Eu estou cuidando de nós.
Eu me sinto orgulhosa, por tudo que conseguimos. 
Está tudo bem little brave girl. Eu tenho uma vida pra viver, e não consigo se você ainda estiver sofrendo. Mas sei que já não estará. 

Eu te perdoo, eu te entendo, eu te admiro, eu te respeito e acima de tudo, eu te amo. E te amar, foi pra mim o ato mais corajoso -e doloroso- que já tomei. 
Mas ao te amar e amar o meu passado, eu me amo agora e amo o meu presente. Obrigada por me ensinar sobre essa forma de amor que eu ainda não conhecia.
Você é muito importante! Fica bem.


Sinceramente,

Isabella C. de M. Oliveira   

16/05/2015 - Lisboa, Portugal.      

sábado, 9 de maio de 2015

A todos os amores negligenciados...




quarta-feira, 1 de outubro de 2014
Depois dos impulsos de paixão, depois de descobrir que amo mesmo, dentro daquele velho conceito de amar, -de sentir protegido e aconchegado quando se pensa na pessoa amada- veio a negligência. 
Sim amor, negligenciamo-nos. Difícil acreditar, por que havia tanta cumplicidade, tanto companheirismo... Mas enfrentemos as circunstâncias. Não nego que eu fui a primeira a não cuidar dos sintomas do amor, a não mantê-los sempre aguados para que continuassem a florescer. Sou culpada. Mas este relacionamento nunca foi unilateral, tu também negligenciaste-me. Os discursos defensivos não valeram como justificativas para tal erro, a distância, os modos de cada um ser, a falta de tempo ou interesse - o que não acredito que tenha sido - acabaram se cumprindo.
O que dizer agora, senão que sinto a falta da tua presença? Pois sinto, na realidade nunca a deixei de sentir, mas os rumores que correm por ai tornam-se verdade quando dois corpos se separam, e outros testemunhos mais doídos também vêm a provar-se verdadeiros quando duas almas ainda estão juntas.
Negligenciamo-nos. E é complicado dizê-lo. Por que as lembranças são nítidas como bonitas fotografias e vivencio-as fortemente ainda, como se tivessem sido vividas na noite passada.
Subestimamos os fatos, esses que nos levaram para longe. Mas a esperança ainda vive, pois a tua presença deixa-me mais aprazível, uma beleza que vem de dentro para fora e esta sensação de beijar as nuvens e viajar pelo universo, disto meu amor, não hei de desatentar.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Sometimes...





Às vezes a vida dá reviravoltas. Mas o problema não é a reviravolta dos fatos, mas a reviravolta de sentimentos, de sensações, e de estabilidade.  E às vezes em  meio a essas reviravoltas, precisamos nos matar para então recomeçarmos mais uma vez. Matar-se? É assim tão simples? Não meu caro, não é. Dói, dilacera a alma toda, arranca a casca na qual te sentias protegido, tira teu chão e joga fora tudo que até então conhecias, tu sabes, que é necessário às vezes. É preciso refazer-se, e o processo de começar de novo é ainda mais dolorido que o de tirar-te a vida. Porque lhe foi tirada também a esperança, nas pessoas, nas coisas, nas circunstâncias favoráveis. Tens de recomeçar do zero, estás novamente no ponto de partida, e isso implica tanta coisa. Significa andar com as próprias pernas, estar sozinho nos dias duros, nos dias frios, nos dias que tiveres uma novidade pra contar, e ao chegar em casa feliz, não haverá ninguém. Significa claro, sobretudo, a liberdade. Mas conto-lhe aqui algo, ela serve aos que ainda não a experimentaram no seu verdadeiro sentido, a mim ela já é uma velha conhecida. Nutrimos uma relação próxima e indispensável, mas -às vezes- prefiro outras companhias mais aconchegantes.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Good bye my lover, good bye my friend...




Há desejos que se soubéssemos o peso que têm, talvez nunca os tivéssemos feito.
 Sem saber, eu escrevia minha história, e quando cantava ''Natasha'' com tanto entusiasmo, estava prevendo meu futuro.
''Tem 17 anos e fugiu de casa
 às 7 horas da manhã do dia errado
 levou na bolsa umas mentiras pra contar,
Deixou pra trás os pais e o namorado''
Não tinha bem 17 anos, e deixei pra trás bem mais que os pais e o namorado. Agora posso perceber, depois da nostalgia cruel que me assolou nos últimos dias.
Mas eu também sei que se não tivesse me entregado ao meu lado mais obscuro, não teria encontrado a luz que havia dentro de mim. É preciso passar pelo inferno para reconhecer o céu quando finalmente encontra-lo.
 Aos pais deixados para trás, pedi perdão pelas escolhas dolorosas, porém necessárias. Já ao amor abandonado sem muitas explicações, o perdão há de vir de mim mesma. Vê-lo tão feliz, me deixou dolorida, e aliviada por saber que ele encontrou alguém que o cuide bem, talvez como eu não pude cuidar, mas ele deve saber, que mesmo cheia de defeitos como eu era, e ainda sou, eu dei-lhe a alma, que de certa forma ainda lhe pertence, pois as memórias permanecem, vivas como brasas que queimam insanamente como nos tempos dos desejos intensos e imediatistas da adolescência.
 Quero que ele saiba que eu fui amiga e amante, e que aquele amor que tantas vezes se auto regenerou, ficará. Perpetuado na alma, pelo toque das almas. Duas almas que se entregaram inteiramente, e se permitiram viver juntas as loucuras e dramas dos jovens.
 Por mais dolorida que seja a frase do poeta ''A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros nessa vida...'', espero que os encontros nos encontrem, pois só esses nos restam, já que os desencontros insistiram em nos castigar.
 Escrevo-te enfim my bitter-sweet love, para deixar-te ir, e para que a desconsolação que me persegue vá de vez embora. E quanto as enquanto doídas lembranças... essas ficam, e essas se aquietarão.



sábado, 28 de setembro de 2013

It's okay to say goodbye

  • Que mania essa que a gente tem de achar que somos o centro do mundo. Que tudo de ruim que acontece é para nos atingir, nos derrubar.
    Que mania essa de achar que somos bons demais, e se alguém se afasta de nós, a perda é deles. É certo que muitas vezes é esse o caso, damos nosso puro amor e o outro, por medo ou inexperiência, (ou sabe-se lá o que), não sabe como recebê-lo. Mas nem sempre é por maldade. E as vezes somos nós que não sabemos receber o amor alheio. De vez em quando o clima fica pesado, nós nos tornamos cargas pesadas demais para os ombros dos que estão a nossa volta, e sabemos que não são todos que irão nos amar mesmo quando não estivermos sorridentes e felizes. Então se não deu, se acabou, fique com o que foi bom... Pare de se vitimizar, de se colocar diante do mundo como uma pessoa sem defeitos e que não entende o porquê do afastamento.
    Embora doa, não grite sua dor para o mundo ouvir, nem todos estão interessados, e os poucos amigos que ficaram são os que podem realmente te ouvir.
    Somos meros seres humanos, cada um buscando o que lhe faz bem. Num dia são eles que se afastam, noutro dia somos nós. E isso não nos faz pessoas piores ou melhores que as outras.
  •     

sábado, 14 de setembro de 2013

Namasté




 Escrever é a melhor e mais eficaz forma de oração. Uma oração ao deus que melhor pode compreender e atender nossas preces. Uma oração ao deus que habita dentro de nós.
 O que somos nós se não deuses em formação? Escrever para saudar nosso deus interior, e saudar o deus de quem irá ler nossas súplicas.
 Eu escrevo para acreditar, e acredito que não há nada mais poderoso nesse universo, que a força de sentimentos sinceros.